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Writer's pictureHelena Coelho

Desafios da parentalidade



Autonomia e auto-estima andam de mãos dadas

Fazer tudo o que é possível pelos filhos não é a mesma coisa que fazer tudo por eles. Enquanto que o primeiro dá segurança, o segundo cria dependência, insegurança e sentimentos de incapacidade.

Promover a auto-estima é muito mais do que elogiar. É não exigir para além do que os filhos são capazes, é reconfortar quando falham, é incentivar. A dependência cria relações funcionais e não relações em cada uma das partes prefere estar, ou quer estar, com a outra por opção e não porque precisa. Importa salientar que este padrão relacional é transportado para outras relações e contextos ao longo da vida, podendo levar a sentimentos de insatisfação, à exigência constante e à necessidade de suporte narcísico.

Pensamentos como “o/a meu filho/a precisa de mim” vão alimentando essa dependência. Será que precisam, realmente, ou serão os pais que precisam de ser “precisos”? Ir “cortando o cordão umbilical” não é nada fácil para pais e para filhos, mas é fundamental para que cresçam de forma saudável e para aprenderem a se sentirem capazes per si. É um processo inevitável e lembre-se que quanto mais tarde o fizer, mais doloroso poderá ser para ambos.

Uma “nuvem negra” chamada Culpa

Dar “de mão beijada” aos filhos é bastante comum. Acha que não faz isso? Pense um pouco.. qualquer pai/mãe já o fez e esporadicamente não tem problema algum.

A toxicidade instala-se quando essa forma de actuar passa a ser “normal”. Quantas vezes deixou de “chamar à atenção” o seu filho/a por uma razão que até seria bastante válida? Ou até o fez mas, a seguir, foi fazer a sua comida favorita (por exemplo)? Quantas vezes o/a desculpou e não exigiu que cumprisse as suas responsabilidades? Quantas vezes já lhe passou pela cabeça que não é bom pai/mãe, que não lhes dá a devida atenção porque está cansado/a, sem paciência, com a cabeça “cheia de problemas”? Outros pais, pelo contrário, “desligam”, “fazem ouvidos moucos”, evitam a confrontação, Quando isto acontece a culpa, ou o evitamento da mesma, está a impedir a sua objectividade. Separe “as águas”, amar não é sinónimo de concordar, de dar, ou de compensar. Pense no que o/a estará a impedir de ser assertivo, misturando emoções e sentimentos que apenas vão levando a que o/a seu filho/a cresça sem responsabilização, instalando-se a crença de que os pais servem para resolver os problemas e que, ao ser recorrente, conduzirá à incapacidade do jovem em conviver com a frustração.

Respeite-se para ser respeitado

Ser pai/mãe não significa orientar a sua existência em função dos filhos. É importante que as crianças percebam que o pai e a mãe têm vida própria, necessidades, momentos de fragilidade e que o “mundo não gira à volta delas”. Pais que se anulam poderão levar os filhos cresçam com sentimentos de omnipotência, como se os pais tivessem a “obrigação de” em vez de aprenderem a lutar e a conquistar. Tornam-se crianças exigentes e, mais tarde, adultos demasiado centrados em si e nas necessidades próprias.

Tenha presente que se não se respeita dificilmente conseguirá o respeito, a consideração e a admiração dos outros. O amor de alguém por nós é o reflexo do nosso amor-próprio Se não se permitir amar a si mesmo, se não se permitir pensar em si, estará a passar aos seus filhos a mensagem de que pode ser desconsiderado/a, que não é merecedor/a do seu amor e do seu respeito. Importa que os seus filhos percebam que ser amado e respeitado é um processo reciproco e não unilateral. E, acima de tudo, permita-se errar e tentar outra vez. Não há pais perfeitos (tal como não há filhos perfeitos), e esta premissa é basilar na parentalidade.

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