Aceitar que se passa algo e pedir ajuda é um passo extremamente difícil de dar.
Os pais ficam muito assustados quando os seus filhos apresentam um problema. Quando andam sempre tristes, quando são rebeldes ou têm comportamentos inadequados. Alguns pais demoram a pedir ajuda pois sentem vergonha pelos comportamentos inadequados dos seus filhos. Sentem-se responsáveis ou têm receio de ser vistos como “maus cuidadores”.
Aceitar que se passa algo e pedir ajuda é um passo extremamente difícil de dar. O que se passa com o meu filho? É a questão a fazer. No entanto, só demonstra o amor pela criança e como o bem-estar dela é significativo para os pais. Este é o primeiro passo e o mais importante.
A procura do psicólogo pode dever-se à criança estar recorrentemente zangada, triste, assustada com alguma coisa.
Ou então, porque algo negativo aconteceu com ela e precisa de ajuda para ultrapassar essa situação. Quando as crianças ficam doentes ou magoam alguma parte do corpo (exterior) vamos ao médico para que este ajude a criança a sentir-se melhor. Quando a criança vai a um psicólogo, a função dele é ajudar a securizar as “feridas internas”, os seus sentimentos. Os pais devem explicar aos seus filhos o motivo real pelo qual eles decidiram leva-los a um psicólogo, comunicando-lhe as suas preocupações.
A recuperação das más experiências é facilitada em terapia pela relação que se estabelece entre o terapeuta e a criança, num ambiente que se torna seguro, confidencial e de confiança. Este espaço terapêutico é bastante diferente da escola ou da sua casa; naquele espaço a criança sente que pode expressar o que nos outros não se sente confortável. Ali é um local seguro onde ela pode mostrar os seus problemas e os seus sentimentos, sem se sentir julgada ou com receios de magoar os sentimentos de alguém.
A relação terapêutica ajuda a criança a integrar as experiências de vida a dar-lhe sentido e até a expressar os sentimentos mais difíceis através do brincar. O terapeuta vai ajudar a criança a sentir-se melhor sem, necessariamente, ela ter de explicar as coisas. Na prática as crianças demonstram muito mais os seus sentimentos nas brincadeiras do que a falar sobre eles. O brincar é o meio primário de comunicação, o discurso torna-se secundário. As terapias com mais sucesso (bons resultados) são aquelas onde a criança brinca. Nem sempre é fácil para as crianças colocarem em palavras os seus sentimentos.
Brincar é vital para o desenvolvimento social, cognitivo e psicológico
Brincar é a forma mais simples que a criança tem de se expressar, é algo que vem “de dentro” da criança. Crianças que não brincam não se desenvolvem saudavelmente, fisicamente e psicologicamente. O brincar é a forma pela qual a criança contacta com o seu ambiente e dá sentido ao seu mundo.
O psicoterapeuta está treinado para usar o brincar (forma natural da criança se expressar) para dar sentido aos sentimentos, pensamentos e comportamentos da criança e ajuda-la a compreende-los. Ele é especialista em compreender e dar significado ao brincar da criança.
É crucial as crianças sentirem e saberem que os pais apoiam a terapia e o processo terapêutico. Estes devem ser consistentes e encorajarem as crianças indo as sessões regularmente, sem fazer perguntas sobre o que se passou nas sessões.
Através do suporte emocional a criança vai conseguir compreender sentimentos confusos e aprender a lidar, de forma mais apropriada, com situações de conflito nos vários contextos. A terapia vai promover a resiliência da criança e a esperança de descobrir novos pontos de vista. Vai ajudá-la a diminuir a ansiedade e a melhorar a sua auto-estima.
A psicoterapia permite à criança a oportunidade de explorar e de se conhecer, de dar sentido ao seu mundo. Vai ajuda-la a encontrar meios saudáveis de mostrar o que sente. A desenvolver relações mais saudáveis e a preparar-se para encarar as dificuldades futuras de forma mais assertiva e tranquila.
Joana Duarte, psicóloga na Psicomindcare para @UptoKids