Os ciúmes, presentes durante toda a vida da criança, podem manifestar-se na idade adulta, mas não durante o aleitamento.
A explicação é muito simples: os ciúmes surgem sempre numa situação a três, e para o bebé, do ponto de vista afectivo, só existem duas pessoas – ele e a mãe. O bebé, vai percebendo, a pouco e pouco, que a mãe também tem de dar atenção a outras pessoas e essas pessoas transformaram-se automaticamente em seus rivais na disputa do carinho materno.
O estabelecimento de novas relações com a mãe deve ser gradual, para evitar ao filho ciúmes desnecessários.Os carinhos e mimos dados na altura própria, a demonstração de que o filho desempenha um papel da maior importância e a progressiva introdução de normas de conduta irão levando à superação do problema.
Os ciúmes dos irmãos representam um problema mais difícil. O segundo filho, costuma chegar, quando o primeiro tem 18 meses a três anos e meio. A consequência é de que a mãe tem de dedicar a maior parte do seu tempo ao novo bebé. Para o filho mais velho é como se o mundo se desmoronasse.
A criança com ciúmes pode ter comportamentos exagerados nomeadamente:
A agressão física ao irmão,
A enurese (nova perda do controle dos esfíncteres),
O retrocesso na fala,
Ou o regresso a comportamentos anteriores já superados.
De uma maneira geral, estes comportamentos costumam ser dirigidos em dois sentidos. Anular o irmão, ignorando-o, e reconquistar a mãe, fazendo-se mais pequeno e procurando ter graça de qualquer modo.
Os ciúmes são uma das muitas crises por que passam as crianças e não se lhes deve dar excessiva importância. No entanto, deve procurar-se diminuí-los o mais possível e facilitar a sua superação.
Uma situação critica de ciúmes pode revelar comportamento incorrecto da mãe.
A superação desta crise passa pelo sentido materno de justiça, não significando aqui justiça dar igualmente a ambas as partes. Falar de partes iguais entre um bebé recém-nascido e uma criança de três anos é como dividir um peixe igualmente entre uma pessoa e um gato.
O importante é dar a cada um aquilo de que precisa. E não tirar a um aquilo que não faz falta ao outro.
A criança desta idade costuma descobrir rapidamente que consegue atrair para si a atenção da mãe, se se aproximar do irmão. Deve-se estimular este processo, pois permite muitas vezes solucionar o problema.
Em qualquer caso, o que se deve fazer é distinguir as duas crianças, e não compará-las. Não quer dizer que um dos filhos é melhor que o outro. O que se passa é que um deles é maior.
Dar realce às possibilidades reais da criança maior e às limitações verdadeiras da mais pequena, salientar as diversas vantagens das suas diferenças pessoais e a possibilidade de se completarem, costuma ajudar a melhorar a situação.
Normalmente, o problema começa a solucionar-se quando a criança se relaciona com outras, nas suas brincadeiras, e dá escape às suas rivalidades, mais ou menos desportivamente, dentro do grupo.
Não devemos esquecer que o filho mais novo também pode vir a sentir ciúmes do mais velho.
Durante o processo de separação entre o bebé e a mãe, podem surgir ciúmes desse tipo após os dois anos. Como é lógico, este tipo de ciúmes é mais atenuado. A criança viveu sempre com o irmão e a rivalidade pelo carinho da mãe já lhe é familiar.
Todo este problema se costuma repetir do segundo filho para o terceiro, e assim sucessivamente, mas sendo cada vez mais atenuado quanto maior é o número de irmãos.
Paula Norte, Psicóloga @Psicomindcare para Up to Kids