As PEA (Perturbação Espectro do Autismo) são disfunções graves e precoces do neuro-desenvolvimento que persistem ao longo da vida, podendo coexistir com outras patologias.
Apesar da multiplicidade de estudos existentes e de se reconhecer que apresentam uma causa biológica bem demonstrada, continua ainda por definir qual a etiologia precisa que desencadeia um quadro clínico de autismo. No entanto, parece ser consensual que esta perturbação evidencia uma origem multifatorial, devendo ser considerados fatores genéticos, pré e pós natais, com uma combinação complexa que leva a uma grande variação na expressão comportamental.
Não obstante esta grande variação, tipicamente as PEA caracterizam-se por uma tríade clínica de perturbações que afetam as áreas da comunicação, interação social e comportamento.
Utiliza-se a designação de Espectro do Autismo, referindo-se a uma condição clínica de alterações cognitivas, linguísticas e neurocomportamentais, pretendendo caracterizar o facto de que, mais do que um conjunto fixo de características, esta parece manifestar-se através de várias combinações possíveis de sintomas num contínuo de gravidade de maior ou menor intensidade. Apesar disso, utiliza-se com frequência autismo como sinónimo do
espectro das perturbações.
Crianças com PEA
Em crianças pequenas com perturbação do autismo, a falta de aptidões sociais e comunicacionais pode dificultar a aprendizagem, em particular a aprendizagem pela interação social ou em contexto com pares. Em casa, a insistência nas rotinas e a aversão à mudança, bem como as sensibilidades sensoriais, podem interferir com a alimentação e com o sono e tornar os cuidados de rotina (por exemplo, cortar o cabelo, intervenções dentárias) extremamente difíceis. As habilidades adaptativas estão tipicamente abaixo do QI medido. As dificuldades extremas no planeamento, organização e adaptação à mudança têm impacte negativo na realização académica, mesmo para estudantes com inteligência acima da média.
Reconhecer esta variabilidade de combinações é fundamental para compreender as pessoas com autismo e as diferentes necessidades individuais. Não obstante estes indivíduos manifestarem um conjunto de sintomas que permitem realizar um diagnóstico clínico, não existem duas pessoas afetadas da mesma forma e por isso podem ser muito diferentes entre si, não constituindo um grupo homogéneo.
Paula Norte, psicóloga na Psicomindcare para @UptoKids
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