Perturbação de Personalidade Obsessiva-Compulsiva (PPOC) e Perturbação Obsessiva-Compulsiva (POC) não são a mesma coisa.
Enquanto que na POC há uma invasão de pensamentos não desejados que são vivenciados como sendo reais e que impulsionam a determinados rituais (compulsão) para baixar a ansiedade, na PPOC há uma preocupação constante e exacerbada com o perfecionismo e a organização, que vai ocorrendo e persistindo ao longo da vida adulta.
Por vezes estas duas patologias coexistem, agravando a qualidade de vida da pessoa.
Pessoas com PPOC possuem um funcionamento rígido, as coisas têm de ser feitas apenas da forma que consideram que tem de ser e são consideradas teimosas. Por norma, não vêm que o seu comportamento seja um problema e não sentem necessidade de o mudar.
São muito preocupadas e focadas nos detalhes. Por quererem fazer tão bem podem não conseguir terminar em tempo útil, ou sequer terminam, as tarefas. Em casos extremos podem ser tão focados em algo, por exemplo no trabalho, que negligenciam tudo o resto, não tendo tempos livres ou tempo para socialização. Podem desenvolver comportamentos aditivos.
A sua necessidade de controlo leva a que planeiem tudo minuciosamente e fazem listas exaustivas com um objetivo: ser perfeito. Quando, por um acaso, não se concretiza como planeado não lidam bem com a situação, não conseguindo aproveitar os momentos e as vivências. O que seria “um dia perfeito” passa a ser um “dia terrível”.
A investigação indica que pais demasiado exigentes podem potenciar este tipo de organização. Também parece haver uma modelagem transgeracional destes comportamentos, ou seja, filhos com pais com estes traços têm uma maior propensão para desenvolver PPOC.
Nas Perturbações da Personalidade a psicoterapia deve ter como objetivo o suporte, a psicoeducação e o desenvolvimento de estratégias adaptativas, em vez da mudança nos processos mentais. Ainda assim, é muito comum a pessoa desistir por "não ver resultados", não considerando que o seu modo de Ser está a condicionar o processo terapêutico.
Trata-se duma patologia do SER e não é enquadrável em situações clínicas expressas em sintomatologia típica, ainda que muitas vezes exista alguma comorbilidade. Por este motivo a psicoterapia visa, essencialmente, o estabelecimento de modos de funcionamento mais adaptativos.
by Helena Coelho, psicóloga clínica @psicomindcare
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