Possivelmente já esteve com alguém que ocupou a quase totalidade da conversa, pautada pela expressão "eu", por verbos na primeira pessoa e temas relacionados com as suas conquistas ou talentos Se isso é recorrente, provavelmente, estará na presença de uma pessoa com Perturbação de Personalidade Narcísica.
No fundo, procuram a admiração do outro e a confirmação da superioridade do seu Eu.
Conseguem ser charmosos e atenciosos, mas o objetivo é serem enaltecidos. Não pensam verdadeiramente no outro, que serve para se sintam maiores e mais merecedores. Movimentam-se nesta imagem grandiosa de si, neste falso Eu aparentando segurança, confiança e grandiosidade aos olhos dos outros.
Num polo oposto há uma outra forma de narcisismo - o narcisismo vulnerável. Apesar de, também, procurarem sentimentos de validação e superioridade, ao contrário do narcisista grandioso, são mais introvertidos e reservados. Extremamente sensíveis à crítica, reagem com raiva e podem ser vingativos. Tendem a ser invejosos e normalmente não manifestam os seu reais pensamentos, pelo contrário, movimentam-se de acordo com o que consideram ser mais vantajoso para si mesmo.
Em ambos os casos, procuram sentir-se especiais e por isso reconhecidos e amados.
Vários estudos relacionam o narcisismo com insegurança e falta de amor próprio, estando na base da impossibilidade de verem e de amarem, desinteressadamente, o outro.
Apesar de ser possível vivenciarem estados de vazio associados a depressão narcísica, por norma, os indivíduos narcisistas não se sentem mal. O impacto do seu egocentrismo é, sobretudo, sentido em quem se relacionam.
Nas Perturbações da Personalidade a psicoterapia deve ter como objetivo o suporte, a psicoeducação e o desenvolvimento de estratégias adaptativas, em vez da mudança nos processos mentais. Ainda assim, é muito comum a pessoa desistir por "não ver resultados", não considerando que o seu modo de Ser está a condicionar o processo terapêutico.
Trata-se duma patologia do SER e não é enquadrável em situações clínicas expressas em sintomatologia típica, ainda que muitas vezes exista alguma comorbilidade. Por este motivo a psicoterapia visa, essencialmente, o estabelecimento de modos de funcionamento mais adaptativos.
by Helena Coelho, psicóloga clínica @Psicomindcare
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